terça-feira, 10 de julho de 2012

Juramento à Ordem - Capítulo 9: Exílio


Lekar - O Julgamento da Alma? ...Céus...a quanto tempo tal habilidade não era usada? 2, 3 anos? Realmente sente que isso é necessário, majestade?

Drak - Sim, já tomei minha decisão. Não vou mais arriscar a segurança de meu povo deixando tal monstro a solta. Os cross'es cuidarão disso. Contacte-os e deixe-os cientes de minhas ordens.

Lekar - Sim, majestade.

O curandeiro fez o requisitado, e muitos Keisatsus se prepararam para levarem o pecador até o julgamento. Se dirigiram até a casa de Sonan e esperaram que ele saísse para o levarem. Não demorou muito para que isso acontecesse.  

Keisatsu - Você vem conosco.

Sonan - Porque eu deveria? - Ele se pôs em guarda, esperando algum ataque dos juízes.

Neste momento, um outro Keisatsu o golpeou por trás, derrubando-o no chão. Este então pegou algemas bastante diferentes das tradicionais e algemou Sonan, que ainda tentava entender o que havia acabado de lhe acontecer.

Keisatsu #2 - PORQUE ORDENAMOS, SEU LIXO! - Ele levantou o rapaz puxando-o pelo cabelo e o jogou dentro de um veículo projetado especialmente para levar criminosos muito perigosos.

Lá dentro, Sonan notou que haviam 2 outros Keisatsus junto com ele. Usavam a mesma armadura convencional dos agentes da lei, numa tonalidade prateada, e empunhavam lanças que emanavam uma energia parecida com eletricidade de suas extremidades. Apenas parecia, porque não era eletricidade de fato.

Sonan - Caralho! Tem 2 juízes junto comigo? Os "implacáveis representantes da lei" foram presos? Que ironia!

um dos cavaleiros, sem dizer absolutamente nada, encostou sua arma em Sonan, fazendo-o levar um choque.

Sonan - AAAAAAAAAAAAAAARRRGHHH!!!! FILHO DA PUTA! VAI ENCOSTAR ISSO NA SUA MÃE!!!

O outro fez a mesma coisa, ainda sem que qualquer som saísse de sua boca escondida por sua máscara.

Sonan - AAAAAAAAAAARGHHHHH!!!!!

Dessa vez, os dois agiram em conjunto.

Sonan - ...

O rapaz preferiu se manter calado, percebeu logo que sempre que falasse seria eletrocutado.

Então o veículo chegou ao local. O Keisatsu que estava dirigindo junto com seu parceiro saíram do caminhão e se dirigiram até a traseira. Abriram as portas e Sonan saiu, sendo seguido pelos Keisatsu prateados, inocentemente chamados por ele de "calados".

Ao sair, Sonan percebeu que não estavam num local movimentado, sequer habitado. Era uma área isolada do resto das moradias, com uma grama relativamente baixa. Havia um pântano por perto, que emanava uma névoa densa, espalhando-se até a área onde Sonan e os juízes estavam.

Sonan - WTF?!

Um dos "calados" se dirigiu um pouco mais a frente. Girou sua lança, e acertou um golpe com a mesma no chão. Ao fazer isso, surgiu uma luz da terra que veio a se tornar uma espécie de portão. Um portão no meio do nada? "Eu deveria largar a maconha de vez?" pensou ele. Antes de pensar mais profundamente a respeito, Sonan usou suas unhas para serrar as algemas que estava usando.

Tal tarefa estava difícil, as algemas eram resistentes. Foi quando aquela voz surgiu:

Kyofu - Sonan, se comunique comigo apenas com seus pensamentos. Agora ouça: Notou que está próximo a um pântano?

Sonan - Sim...

Kyofu - Pois bem, sabe que aqui existe a Névoa Diabólica, não é mesmo? Por isso todos estão usando tais máscaras.

Sonan - Aonde quer chegar?

Kyofu - Respire fundo.

Sonan - Ficou doido?! Eu vou morrer se respirar essa névoa!

Kyofu - Confie em mim. Rápido!

Sonan acatou a ordem, e respirou o mais fundo que conseguiu. Sentiu seus pulmões esquentarem. Ao espirar o ar, saiu um gás parecido com fumaça de seu nariz.

Sonan - Quer me matar?!

Kyofu - Agora espere. Continue serrando as algemas, e espere o meu sinal.

Sonan - Sinal para...?

Kyofu - Assoprar.

Sonan - õ_ô Hein?

Kyofu - Isso mesmo. Ao meu sinal, quero que libere todo o ar de seus pulmões.

A conversa demorou uns pouquíssimos segundos. Todos os Keisatsus estavam rezando, inclusive os "calados". O portão se abriu, revelando ser uma espécie de portal, levando a um palácio . Sonan pode ver um corredor repleto de pilares e quadros nas paredes além do portão.

Ele então foi brutalmente empurrado pelos "calados", e se pôs a caminhar sendo escoltado pelos Keisatsus. Discretamente, ainda tentava serrar as algemas que o prendiam. Percorreu pelo corredor olhando para os quadros. Todos retratavam o Danshaku, Drak, em vários momentos de glória. Um dos quadros chamou atenção de Sonan. Nele representava o imperador tocando um instrumento que parecia ser uma Ocarina, e uma criatura negra com as sombras, ajoelhada, agonizando, parecia sofrer com a música.

Sonan - Cacete, como o bicho tá se contorcendo de dor por causa de uma música? Que merda é essa? õ_õ

E novamente, mais um choque. "FILHA DA PUTA! ESPERA SÓ EU ME SOLTAR! VOU ENFIAR ESSA LANÇA NO SEU RABO, DESGRAÇADO!" Pensou.


Enfim ele conseguiu serrar as algemas, mas manteu seus braços juntos, para manter a ilusão de que ainda estava preso. Chegou ao final do corredor e nele havia uma sala circular, estampada no chão o símbolo Ying-Yang. Haviam 4 camarotes espalhados ao longo da sala, e neles haviam os últimos seres que Sonan jamais imaginou que iria encontrar. Vestidos com mantos que mesclavam entre o preto e o branco, representado o equilíbrio. Suas faces ocultadas de forma a lembrar o imperador Gestrain, com o negro por sobre seus rostos, olhos azuis e cintilantes que se destacavam na escuridão, e 2 chires ainda representando as trevas, saindo de suas faces, que poderiam ou não serem reais. Havia uma numeração em seus camarotes, sendo que do 1 ao 2 era representado por um anjo, e a contagem era feita através de suas asas, e do 3 ao 4 era por um anjo de asas negras.

Os Cross, a supremacia dos Sudiya. Aqueles que criaram as leis de Kuraiza e estão acima de todas elas. São os únicos que saíriam impunes caso cometessem algum crime, mas nenhum seria insano para fazê-lo. 2 Cross'es representavam Absolção e Perdão, e os outros 2 representavam a Punição e Castigo.

"Cacete, se odeiam tanto o Gestrain, porque o homenageiam tanto? Vai entender esses negos... e-e"

O julgamento então teve início:

Todos os Cross'es falaram em conjunto. Suas vozes não transmitiam qualquer emoção, ao mesmo tempo que transmitiam uma grande autoridade.

Cross'es - Sonan Kodoku, 17 anos, de Escorpião, nascido no dia 6 de Novembro, pertencente a raça...

Kyofu - Fique alerta. Está quase na hora.

Sonan - FILHO DA PUTA! JUSTO QUANDO EU IA SABER MINHA RAÇA?!

Kyofu - Eu lhe conto depois. Agora, se concentre!

Cross'es - ...Atingiu o estado de Profano ao ferir gravemente o Danshaku, tornando-se uma ameaça a segurança de todos, até de si mesmo. Sua sentença será: EXÍLIO!

Todos os Sudiyas presentes ergueram suas armas e gritaram em conjunto, até mesmo os "calados"

Sudiyas - EXÍLIO! EXÍLIO! EXÍLIO!

O chão começou a brilhar. Símbolos surgiram dele. Sonan estava confuso. Os cross'es saíram de seus camarotes e se posicionaram em volta da sala, junto com os outros Juízes.

Todos se ajoelharam. Juntaram suas mãos. Diziam palavras em algum idioma que Sonan acreditava conhecer, mas não lembrava.

Kyofu - Agora!!!!!

Sonan encheu seus pulmões, e então soltou o ar. Mas ao invés de ar, saíram chamas. Chamas escuras. Ele se levantou, e incendiou todo a sala. Continou a soprar até que as chamas se dissiparam. O resultado foi um local totalmente incendiado e destruído.

Sonan - CARAI! Foda! \o\ - O garoto desconhecia seu poder, e ficou abismado com ele.

Kyofu - Deixe para comemorar depois. Vá! Corra!

O garoto se pôs a correr em direção ao mesmo portão pelo qual entrou. Mas ela não estava mais lá.

Sonan - Cadê a porta? Eu podia jurar que tinha uma aqui...

Kyofu - Aquilo era um portal.

Sonan - Qual a diferença?

Kyofu - Está olhando para ela.

Sonan - Certo...então o que eu faço? - Mesmo que todo o lugar estivesse completamente em chamas e cada vez mais e mais perto de desabar, o rapaz não demonstrava qualquer preocupação com o que poderia lhe acontecer se não saísse de lá.

Kyofu - Espere - A ave também não se preocupava com uma sala prestes a desabar sobre sua cabeça. Juntou suas asas e disse as mesmas palavras que os juízes haviam dito anteriormente para fazer o portão surgir. Então ressurgiu a fenda entre a sala e o resto de Kuraiza. Sonan passou por ela, sendo seguido por Kyofu.

Eles saíram em uma área pública, no centro do vilarejo. O lugar estava muito movimentado, pessoas entravam e saíam de lojas, caminhavam de um lado para o outro. A essa altura, todos já sabiam sobre Sonan, e todos o temiam.

Comerciante - Vejam! É aquele moleque!

Todos viraram seus olhares para o rapaz. Então correram de um lado para o outro em pânico, desesperados por suas vidas. Um menino esbarra em Sonan e cai no chão. Ele se arrasta para trás desesperado, até que sua mãe chega, o levanta e antes de partir em retirada, grita para Sonan deixar seu filho em paz.

Sonan - Cacete, só de estar aqui eu fiz isso?

Kyofu - Sim.

Sonan - Foda! \o\

Kyofu - Agora fuja.

Então novamente se pôs a correr. Não se sentia cansado, apesar de ter corrido bastante. Por onde passava, todos se desesperavam. Acreditavam mesmo que aquele que passava por todos era um monstro e por onde surgisse não deixaria nada além de destruição, caos, discórdia, medo.

Durante o caminho, ele esbarrou com Chizuru, que saía de uma loja com uma sacola. Por algum instante, os dois se olharam nos olhos. Mas não durou menos de 10 segundos, logo Sonan estava correndo novamente. Chizuru tentava entender o que havia acabado de acontecer, e se havia visto olhos tão cheios de angústia, desespero e ódio iguais aqueles em algum outro lugar. E Sonan pensou se já havia visto alguém tão bela em outro lugar. A resposta foi positiva.

Então ele tropeçou. Antes que pudesse se levantar, aquele que o derrubou, o imobilizara, e muitos outros surgiram e fizeram o mesmo. Sonan sequer pode notar se eram Sudiyas, Lekars, Efinders, pessoas, monstros. Estava totalmente imobilizado, sequer podia mexer seu rosto. Todos o mantiveram ajoelhado de cabeça abaixada. Então, pela segunda vez, ele viu o chão brilhar e escutou novamente aquela reza. Dessa vez, nada pode fazer. Sentiu seu peito esquentar, arder, talvez até queimar. Sua cabeça doía e sentia tontura. Sua visão ficou turva, e mesmo sentindo que ninguém mais estava segurando-o, ainda não conseguia se mexer.

Então surgiu a escuridão. Aquela escuridão tão familiar, tão comum. Sonan já estava acostumado a ver o vazio negro a sua frente. Recuperara sua mobilidade, mas não podia enxergar seu corpo. Não durou muito, logo o cenário a sua volta se revelou. Apenas...chão, grama, e o céu. Solidão era outra coisa que Sonan já estava acostumado. Também não durou muito, logo surgiu Kyofu.

Sonan - Então você também está aqui.

Kyofu - Sim, mas por opção. Não teria vindo para cá se eu não quisesse.

Sonan - Interessante...e...onde estamos?

Kyofu - Em Ifreann Ar Domhan.

Sonan - Traduzindo para o meu idioma...

Kyofu - A terra para onde todos são exilados.

Sonan - Exilados? O_O

Kyofu - Sim.

Sonan - Então eu fui...

Kyofu - Exilado? Foi sim.