segunda-feira, 14 de maio de 2012

Juramento à Ordem - Capítulo 8: Pesadelo


Logo que chegaram as suas respectivas moradias, não pensaram duas vezes. Tanto Akai quanto Ash se jogaram em suas camas e nada os faria acordar. Sonan se deitou calmamente, pois sabia o quão debilitada estava sua cama, e que qualquer movimento brusco a quebraria. Ele ficou olhando para o teto, pensando...coisa que muitos de nós já fizemos.

Kyofu - Não vai dormir, rapaz? Não me diga que está sem sono. Vejo em seu semblante que está completamente esgotado. Vá, descanse, você merece.

Sonan - Não é isso...é que...eu não gosto de dormir a noite...

Kyofu - Você tem medo do escuro? Essa escuridão toda só me deixa mais tranquilo.

Sonan - Não...é que...a noite...eu tenho...pesadelos muito piores.

Kyofu - Como assim "Muito piores?"

Sonan - Eu tenho pesadelos o tempo todo, sempre. Nunca tive um sonho bom na vida. Mas a noite...eles são mais horríveis...mais assustadores...mais tenebrosos...é impossível pra mim dormir com aquelas imagens na cabeça.

Kyofu - ...Você parece um garotinho inocente que eu conheci faz muuuuuuuuito tempo...como ainda me lembro dele é um mistério.

Sonan - Você é um maldito pássaro que fala dentro e fora da mente das pessoas. Tem mesmo certeza que o mistério é você ainda lembrar dele? '-'

Kyofu - Hehehe...você de fato se parece com ele. E eu achando que a única semelhança eram seus nomes.

Sonan - Ahh...tipo assim...pessoas chamadas "Sonan", é o que não falta por aqui. Aliás, é o que não falta em lugar nenhum. Posso contar nos dedos as pessoas que conheci que não se chamavam "Sonan"

Kyofu - Tsc...vocês são idênticos. Tem certeza que não são a mesma pessoa?

Sonan - E quem é esse moleque?

Kyofu - Ninguém em especial...apenas...Sonan Kirian, a--

Sonan - Sei, sei, "A Lâmina do Esplendor", "O Corte da Esperança", "A Espada Salvadora", "O Sabre de Deus", blah-blah-di-blah-blah. Já cansei de ouvir isso. Prometi a mim mesmo que mataria o próximo que me dissesse isso.

Kyofu - Então deveria cometer suicídio, não?

Sonan - ...A partir de agora.

Kyofu - Enfim. Sempre pensei que ele fosse único, mas estava enganado.

Sonan - Nooooooossaaaaaaa, queeeeee legaaaaaal, eu sou igual ao nosso herói, viva.

Kyofu - Porque esse tom irônico?

Sonan - Porque não gosto nem um pouquinho dele. Ele matou o Gestrain. E daí? Só por isso devo idolatrá-lo? Só por isso não posso ser melhor que ele? Só por isso devo dedicar minha vida a homenagear alguém que eu nem conheço e nem tenho certeza se realmente fez uma boa ação? E se ele foi o verdadeiro vilão? E se Gestrain fosse inocente? Ele deu ao imperador a chance de se explicar? Ele o matou por um motivo válido?
Não me surpreenderia nem um pouco se soubesse que ele fez isso pra tomar o cargo de imperador. Não gosto dele, e nem de ter o mesmo nome que ele. Se eu pudesse eu me chamaria "Wrath", não "Sonan".

Kyofu - Entendo...então você sente inveja, não é? - Kyofu estava apenas provocando.

Sonan - ¬¬. Vá se ferrar.

Kyofu - Eu faço isso depois. Agora vá dormir. Você terá de se preparar, pois irão dar uma recompensa maior que o Colossus Palace pela sua cabeça.

Sonan - E porque?

Kyofu - Você causou um ferimento no Danshaku que mataria qualquer pessoa comum. Vão caçá-lo como um animal.

Sonan - Que venham, eu não tenho medo. Irei colocar fogo naquele castelo, estuprar e matar a princesa, e declarar guerra contra esse lugar se for necessário. Não irão me intimidar com armas de madeira movidas a gás. Eu não sigo regras nem faço as minhas, eu faço o que eu quiser e ninguém me impedirá.

Kyofu - Confiança, teu nome é Wrath.

Sonan - '-'...

Após alguns minutos de silêncio, uma dúvida passou pela mente do rapaz:

Sonan - Kyofu...

Kyofu - Sim?

Sonan - Você me escolheu como o dono da espada tendo alguma informação sobre mim, ou simplesmete escolheu o primeiro zé roela que viu na rua pedindo trocados?

Kyofu - Para ser sincero, foi a segunda opção. Mas eu fiz a escolha certa. Você até agora só tem me surpreendido. E também tenho uma pergunta para ti.

Sonan - Diga.

Kyofu - Porque ajudou uma senhora com um coração tão selvagem e cheio de ódio?

Sonan - Como você sab...esquece...enfim...não fiz por bondade.

Kyofu - Como assim?

Sonan - Fiz porque era um favor simples demais para recusar. Eu tenho força para carregar uma caixa e não estava fazendo nada. Porque dizer "não"?

Kyofu - Isso faz tanto sentido que fico impressionado. Bom, já está amanhecendo. Tente dormir um pouco agora.

Sonan, que até então estava lutando contra o cansaço, entregou a vitória, se deixando levar pelo sono e adormecendo rapidamente.

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Na enfermaria do palácio, o imperador estava descançando. Havia acabado de ser operado e ninguém presente ali, fosse médico, enfermeiro ou paciente conseguiria imaginar que o próprio imperador teria sido ferido de uma maneira tão profunda e brutal e como um humano havia sobrevivido a aquilo. Bom...talvez não fosse um humano...

Nesse momento, uma mulher que aparentava ter 20 anos adentra rápidamente pela enfermaria, e em seu rosto, uma expressão de puro desespero. Seu cabelo escuro caia sobre o rosto, tampando seu olho direito, e por mais que tentasse, não conseguia evitar que umas poucas lágriams caíssem. Trajava um vestido branco que aparentava ser de um tipo que somente os mais ricos conseguiriam comprar, visto sua quantidade de detalhes. Usava um colar de ouro puro cravejado com esmeraldas. Logo que adentrou na sala onde Drak estava descansando, não conseguiu mais segurar: Chorou desesperadamente.

Drak - Calma, calma...eu vou ficar bem...prometo...não chore, Chizuru, vamos...eu já passei por coisa muito pior...

Chizuru - NÃO!!!! NÃO!!!! NÃO PASSOU!!! NINGUÉM NUNCA TE MACHUCOU DESSE JEITO!!!! QUEM FEZ ISSO COM VOCÊ, PAPAI?! QUEM?????? ELE VAI MORRER, ELE VAI!!!! - A menina não suportava ver seu pai dessa maneira. Suas lágrimas escorriam pelo seu rosto como chuva na janela.

Drak - Não diga isso, Chizuru...o perdão é a mais forte das ferramentas, lembra?

Chizuru - MAS NÃO TEM COMO PERDOAR ALGUÉM QUE TENHA FEITO ISSO A VOCÊ, PAPAI!!!!!

O imperador acariciou o cabelo de sua filha de leve na esperança de confortá-la.

Drak - Minha filha...se você não se acalmar, só vai piorar meu estado...por favor...se acalme...

Neste momento, um Lekar entrou na sala, trajando uma armadura prateada e um macacão preto por baixo. O brasão da elite do império estava destacada em sua ombreira, e possuía um olhar calmo como o mar.

Lekar - De fato, senhorita. Desespero só aumentaria a pressão de vossa majestade, e isso seria a pior das opções. Tente tomar um gole d'água e volte aqui quando já estiver calma. Nada de ruim acontecerá ao Danshaku enquanto eu estiver vivo, prometo.

Chizuru - T-tudo bem... - A voz do curandeiro era tão suave que a deixou mais tranquila. Enxugou suas lágrimas, e se dirigiu ao refeitório.

Lekar - Bem, majestade, tenho boas notícias a você.

Drak - Então diga.

Lekar - A operação foi um completo sucesso e as feridas irão cicatrizar em 3 meses, e estou muito surpreso com isso. Eu esperava pouco mais de 6 meses ou até um ano. De fato, temos um líder ótimo. Mas eu ainda me pergunto que objeto foi capaz de causar um ferimento tão profundo.

Drak - Foi a Yuda, que estava sendo empunhada por um rapaz obstinado. Infelizmente até o mais sagrado dos objetos pode se tornar um perigoso artefato de destruição e caos nas mãos erradas, e temo que aquele garoto cause mais tragédias com tal arma de valor.

Lekar - OH! A Yuda? A lendária arma empunhada por Sonan Kirian usada para destruir o imperador Gestrain? E ela está nas mãos de um cavaleiro profano agora? É motivo de alarme e pânico para muitos. E eu acho curioso notar que a tradução da palavra "Yuda" no idioma nativo da tribo Kodoku para o nosso seria "Ruptura" e ela foi usa para...bem...causar uma ruptura...

Drak - Poético, não é?

Lekar - Sim. Bem...o que pretende fazer, majestade?

Drak - Eu sinceramente, odeio ter que tomar tal atitude, mas não é a primeira vez que recebo registros de crimes cometidos por aquele rapaz. E essa foi a gota d'água, não apenas para mim, mas para toda Kuraiza. Aquele garoto é uma ameaça para todos nós e eu não posso permitir que ele continue a solta. Será necessário...

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Sonan estava num local muito escuro. Não se podia ver absolutamente nada lá, a escuridão consumia toda aquela área. Tudo que Sonan podia ver era uma névoa que rodeava todo o lugar e só tornava sua visão ainda pior. Sentia estar pisando na grama, mesmo que tudo que visse fosse o negro. Caminhou tranquilo, como se já soubesse onde estava, mas ainda se mantinha alerta, pois, se ele de fato sabia onde estava, se manter atento era a melhor opção.

Sonan - Vai começar tudo de novo...

Aos poucos a escuridão ia se dissipando dando lugar a um cinza. O lugar ganhara a aparência de um leve clarear de dia. Não apenas isso, mas algumas poucas casas começavam a surgir, e com isso, a escuridão se tornou uma vila ao amanhecer. Quem diria que uma caminhada traria uma mudança tão drástica, não?

Sonan - Então estou aqui novamente... -Respirou fundo- lá vou eu...

O garoto entrou em algo que parecia ser uma farmácia, vista a quantidade de remédios e objetos de medicina. Vasculhou um pouco o conteúdo do local até encontrar uma caixa com faixas, usadas para conter ferimentos. Abriu-a e começou a enfaixar seu braço esquerdo. Assim que terminou de enfaixar seu ante-braço e sua mão completamente, começou a enfaixar seu braço direito. Logo que acabou, fez o mesmo com as duas pernas, enfaixando as duas canelas e parte das coxas. O que ele queria fazer? Se fantasiar de múmia? O fato é que seus punhos seriam sua única defesa contra o que viria a seguir e por algum motivo, ele acreditava que tais faixas o ajudariam.
Logo que terminou tudo, se dirigiu para fora da farmácia, e passou a caminhar pela vila, na esperança que estivesse pronto para o que viria.

Neste momento, ele avista um vulto cambaleante que surgia do horizonte. Logo se pôs em guarda e procurou se aproximar lentamente, sem o menor movimento brusco.

O vulto cambaleante logo se mostrou ser uma mulher, com o corpo completamente destruído e mastigado, o rosto deformado, cada centímetro completamente acabado. Estava carregando algo que parecia ser um coração, e parecia tentar gritar, mas sua voz saía com muita dificuldade.

Sonan - Fudeu.

Assim que o avistou, o monstro atirou o coração que estava em sua mão contra o rapaz, e este o rebateu com um chute, atirando-o para outro lugar. Logo após isso uma explosão aconteceu.

Imediatamente, ele ouviu uma doce canção. A voz suave e calma quase o hipnotizava, mas ele manteve a concentração. Avançou contra a criatura deformada, a ergueu e a atirou na fonte da voz, da qual ele sabia de onde vinha. Não quis saber se os montros haviam morrido; Se pôs a fugir dali, com medo de que mais criaturas viessem. Durante a fuga, encontrou diversas outras criatuas, ignorando-as e derrubando outras. Se dirigiu até um beco e sentou ali, para descansar.

Sonan - Arf, arf...quando isso vai acabar? Não aguento mais! O que falta?

Ouviu um barulho alto; Pareciam passos, passos bem pesados. Algo grande estava se aproximando, e muito rápido.

Sonan - ...

A parede da qual estava encostado foi completamente demolida. Ele rolou para o lado e por pouco escapou, quando se deparou com uma fera de pedra. A fera aparentava ser uma estátua viva, e nela estava esculpido um grego, com as vestimentas tradicionais da Grécia e um grande martelo, com algo que pareciam dentes no final do martelo.

Sonan - PUTA MERDA!!!! - O garoto tentou se levantar para fugir, mas a fera foi mais rápida; Acertou o pé de Sonan com o martelo, amassando-o feito uma latinha vazia.

Sonan - AAAAAAAAAAAAARRRRRRR!!!!!!! - Sentiu uma dor imensa, e antes que mesmo debilitado tentasse fugir novamente, a fera o puxou pela perna, e o atirou dentro da casa cuja parede fora demolida. Ele acertou uma prataleira, derrubando-a. Estava desnorteado, mal recobrou a consciência e lá estava a fera de novo, que o atingiu um poderoso soco no peito. Sentiu suas costelas se quebrarem. O monstro o pegou pelo rostou, e o atirou no chão, fazendo Sonan cair de bruços. A besta pisou em suas costas, queria terminar de quebrar o resto dos ossos do rapaz. Sonan nada podia fazer contra, era como se 200kg fossem forçados contra suas costas. Quando já havia se divertido com a tortura, a fera simplesmente, acertou uma martelada na nuca de Sonan, tirando a vida do garoto.

Então ele acordou. Levantou desesperado, estava sem camisa, e suando muito. Sua respiração estava ofegante, e sentiu doer seu pé, suas costas e sua nuca. Foi bastante real, mas Sonan sabia que não passava de um pesadelo.

Kyofu - Nossa, que terrível. Levou uma surra daquela coisa de pedra, hein?

Sonan - o_o...

Kyofu - =D

Sonan - ...Eu vou tomar um banho agora...

Sonan levantou da cama, pegou sua blusa e se dirigiu até o pequeno lago a frente da casa do qual usa para tomar banho. Assim que abriu a porta da moradia, se deparou com um grupo de 15 Keisatsus, e a insígnia prateada nas capas pretas de cada um demonstrava que eram de elite.

Keisatsu - Você vem conosco.